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Hemocromatose

Hemocromatose, a doença do excesso de ferro

A maioria das pessoas sabe que carência de ferro no organismo provoca anemia, no caso a do tipo mais comum, a anemia ferropriva. Mas muita gente desconhece que a situação inversa – o excesso desse mineral – também pode ter efeitos nocivos para a saúde e causar uma doença chamada hemocromatose.

Trata-se de um problema gerado por uma predisposição do organismo para absorver ferro dos alimentos numa quantidade superior à necessária, o que leva ao acúmulo do mineral nas células e mudanças orgânicas patológicas.

A doença afeta, sobretudo, a população caucasiana (branca), em particular descendentes de celtas e nórdicos, sendo bastante rara entre afrodescendentes. O principal tipo é a hemocromatose hereditária, relacionada principalmente a dois genes de mutação. Nos Estados Unidos, essa é a doença genética mais comum. Na Europa, cerca de 10% da população apresenta manifestações clínicas e/ou somente laboratoriais.

“Apesar dos riscos menores, quem tem apenas um gene de mutação (heterozigotas) também deve ser submetido a avaliações médicas periódicas, principalmente se apresentar sintomas ou outras condições que possam influenciar o funcionamento de um órgão, como gordura no fígado”, alerta o Dr. Nelson Hamerschlak, hematologista e coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).

Existe, ainda, a hemocromatose secundária, encontrada, entre outras, em pessoas que desenvolvem anemias hemolíticas (devido à quebra anormal dos glóbulos vermelhos) ou que se submetem a muitas transfusões de sangue.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico geralmente é feito pela análise dos estoques de ferro por meio de exames simples de sangue, com dosagem da ferritina (o limite considerado normal é 150 nanogramas por mililitro) e saturação da transferrina (limite normal é 40%). No entanto, mesmo com resultado negativo das mutações, todo paciente com ferritina ou saturação de ferro elevada deve ser investigado. Além disso, é preciso cuidado na análise dos resultados. A ferritina, por exemplo, pode estar elevada em função de outros fatores, como inflamações, hepatites e gordura no fígado.

De acordo com o Dr. Hamerschlak, do ponto de vista bioquímico, 75% dos homens e 40% das mulheres com hemocromatose apresentam saturação da transferrina maior que 50%. A ferritina, por sua vez, está aumentada em 76% dos homens e 54% das mulheres com hemocromatose hereditária. Mas apenas 1% das pessoas que têm o diagnóstico laboratorial vai ter a forma clínica da doença, que inclui principalmente cirrose, insuficiência cardíaca, diabetes e problemas endocrinológicos.

O teste genético pode ser utilizado. Mas ele detecta apenas as mutações genéticas mais frequentes. Assim, o resultado negativo não significa obrigatoriamente que o paciente não tem a hemocromatose. “Vinte por cento das hemocromatoses hereditárias são negativas para as mutações genéticas clássicas”, informa o especialista do Einstein.

Segundo ele, quando não existem mutações detectáveis, uma ressonância magnética especial permite avaliar a quantidade de ferro nos principais órgãos que estocam esse mineral, como fígado e pâncreas. “A biópsia hepática, por ser altamente invasiva, é pouco utilizada. A exceção são suspeitas de fibrose e presença de hepatite C. Por esse motivo, a ressonância magnética com a técnica específica para controle do ferro nos órgãos pode passar a ter um papel preponderante, principalmente na indicação do tratamento”, afirma o Dr. Hamerschlak.

O tratamento mais comum é a sangria terapêutica, que consiste na retirada de sangue, como em uma doação, com a diferença de que o sangue é descartado após a coleta. São realizadas retiradas periódicas, inicialmente de uma a duas vezes por semana.

Numa fase posterior, a coleta é espaçada: uma sangria a intervalos de dois a até seis meses. O ferro é um importante componente da hemoglobina, presente nas células vermelhas do sangue. Com a retirada periódica do sangue, o ferro depositado nos tecidos migra para ajudar na formação das novas células de hemoglobina, reduzindo o excesso.

“É difícil alguém que descobre ser portador de hemocromatose morrer dela, pois há várias formas de controlá-la. O problema está naqueles que só descobrem quando já estão doentes, ou seja, quando aparece a ponta do iceberg. Check-ups, com a inclusão de exames laboratoriais de dosagem e saturação de ferritina, permitem identificar a base do iceberg, propiciando a correta orientação e tratamento, prevenindo a evolução para outras patologias” completa o médico. Em resumo: diagnóstico e tratamento da hemocromatose são relativamente simples. Porém, é importante que sejam feitos a tempo, antes que a sobrecarga de ferro comprometa órgãos importantes, aí sim podendo gerar graves problemas de saúde.

Fonte:
http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/hemocromatose-a-doenca-do-excesso-de-ferro.aspx



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